15/08/2019 - 00h33

Locação de escritório cai no RJ e cresce em SP

Valor Econômico
 
As duas maiores capitais do país vivem uma situação totalmente oposta no segmento de escritórios de alto padrão. Enquanto no Rio de Janeiro cresceu a vacância no segundo trimestre em relação ao primeiro, São Paulo registrou no mesmo período o menor índice em seis anos.
 
Depois de dois trimestres consecutivos de queda na taxa de vacância, o percentual de escritórios corporativos de alto padrão vazios voltou a subir no Rio. No segundo trimestre, a proporção entre a metragem disponível para aluguel e o estoque total ficou em 37,8%, contra 36,5% nos primeiros três meses do ano, de acordo com levantamento da consultoria imobiliária Newmark Grubb.
 
Se o início do ano foi marcado pela liberação de investimentos que estavam represados desde 2018, a trajetória de queda na taxa de vacância foi interrompida no Rio pela postergação de investimentos, diz Ricardo Penna, executivo da Newmark Grubb responsável no Brasil pelo segmento de escritórios corporativos. "O mercado está em compasso de espera."
 
Projeção da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) divulgada em junho indica que a economia fluminense deve crescer no máximo 1,6% em 2019, com a aprovação da Reforma da Previdência. Em janeiro, a estimativa da Firjan era de expansão de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. "O prognóstico [no início do ano] era bem animador para o Rio", diz Penna, referindo-se ao mercado de escritórios.
 
O estudo da Newmark mostra que o ligeiro aumento na taxa de vacância foi resultado da pequena absorção líquida (3.901 metros quadrados), insuficiente para compensar o volume de entregas no trimestre (8.379 metros quadrados). A absorção líquida mede a variação da metragem quadrada ocupada em relação ao trimestre anterior.
 
Para o especialista, a vacância elevada está empurrando para baixo o preço pedido por metro quadrado para locação na cidade. O valor médio pedido apresentou diminuição de 2,4% em relação ao trimestre anterior, fechando no patamar de R$ 83,9 por metro quadrado. A Barra da Tijuca foi a região que mais contribuiu para essa queda, com declínio de 8,2%. 
 
"Até no Ventura [Corporate Towers], que é triplo A [edifício de altíssimo padrão], o preço pedido para locação caiu", conta uma fonte do mercado imobiliário sob a condição de anonimato.
 
Os preços médios mais altos foram registrados na zona sul (R$ 192 por metro quadrado), em Botafogo (R$ 108 por metro quadrado) e no Porto Maravilha (R$ 97 por metro quadrado), região portuária da capital fluminense. Para efeito de análise, a Newmark considera como zona sul os bairros de Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa e Jardim Botânico.
 
Já em São Paulo, a taxa de vacância de escritórios comerciais de alto padrão caiu para 17%, no segundo trimestre, menor patamar em seis anos, conforme a Colliers International Brasil, abaixo dos 18% do primeiro trimestre e dos 20% do quarto trimestre. A consultoria projeta que o indicador chegará a 14% no fechamento deste ano. A vacância tem caído diante da combinação de escassez de nova oferta e crescimento gradativo da absorção líquida, ou seja da diferença entre áreas contratadas e devolvidas.
 
Pesquisa da consultoria aponta que as áreas com as menores vacâncias são Itaim Bibi (1%), Juscelino Kubitschek (2%) e Vila Olímpia (7%), enquanto os indicadores mais elevados foram registrados na Chácara Santo Antônio (46%), em Santo Amaro (43%), e na Marginal Pinheiros (27%).
 
Segundo a Colliers, a absorção bruta de escritórios de alto padrão aumentou 28%, em São Paulo, ante o primeiro trimestre, para 73 mil metros quadrados, com destaque das contratações pelo setor financeiro. As maiores locações ocorreram nas regiões da Marginal Pinheiros (21 mil metros quadrados), Chucri Zaidan (15 mil metros quadrados), e Faria Lima (10 mil metros quadrados). A absorção líquida ficou em 46 mil metros quadrados, 27,8% acima da registrada no trimestre anterior.
 
Apesar disso, o preço médio do aluguel mensal pedido por metro quadrado caiu 1,19 %, no mercado paulistano, na comparação com o primeiro trimestre, para R$ 83. A queda resulta de a vacância estar concentrada em regiões não consolidadas, com menor valor de aluguel.
 
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