03/11/2025 - 11h07
Construção civil cresce na orla e perde força na Zona Noroeste e no Centro de Santos
A Tribuna On-line
Secretária de Obras destaca aumento de projetos licenciados em 2025, mas aponta falta de interesse de construtoras em regiões fora da orla
A Prefeitura de Santos tem realizado obras e investimentos na região central para atrair projetos de moradias, uma forma de renová-la economicamente. Entretanto, a meta ainda está longe de ser atingida, pois, segundo a secretária de Obras e Edificações da Cidade (Seobe), Larissa Oliveira Cordeiro, “existe pouco interesse de construtoras” no local. Por sinal, a Zona Noroeste enfrenta a mesma situação. “Não vejo grandes construtoras investindo lá”.
Por outro lado, Santos vive um ano com mais projetos licenciados (permissão para obras) para construção de edifícios com pelo menos dez andares. Em 2024, foram nove, mas, agora, são 16, com destaque para Boqueirão e Embaré, que, juntos, reúnem metade do total. O motivo desse aumento? “É o aquecimento da construção”, considera a secretária de Obras e Edificações.
Como estão os pedidos de aprovação de prédios com, pelo menos, dez andares neste ano? E como foi em 2024? O ritmo aumentou ou caiu?
No ano passado, tivemos 23 pedidos de aprovação. Já em 2025, até 30 de setembro, foram 24 projetos arquitetônicos aprovados. Por outro lado, em relação aos licenciados, ou seja, aqueles que foram autorizados para o início de obra, tivemos nove em 2024 e 16 neste ano.
Portanto, do ano passado para cá, o número de projetos licenciados quase dobrou. O que explica esse aumento?
Muito provavelmente é o aquecimento da construção neste ano. Estamos com muitas obras e muitos pedidos de aprovação. Subiu quase 30% o número de projetos sendo analisados, embora nem todos sejam novos prédios.
Quais são os bairros que mais têm apresentado pedidos de autorização de obras?
Pensando em projetos de edifícios com mais de dez andares, do total de 16 licenciados, Embaré e Boqueirão têm quatro cada. Além disso, Macuco e Ponta da Praia contam com três cada um.
José Menino e Ponta da Praia seguem atraindo a atenção das construtoras?
Ponta da Praia e José Menino são os bairros com cota maior para subir edifícios, por causa do plano de voo do Comando da Aeronáutica (Comaer). Desde 2015, ele baixou a cota entre os canais 2 e 6, reduzindo o gabarito nesse centrão. Assim, quem quer usar mais o coeficiente construtivo de obra consegue crescer mais na Ponta da Praia e no José Menino.
Considerando os programas de estímulo na região central, como está o interesse por construções antigas para se fazer retrofits?
Acho que existe pouco interesse de construtoras no Centro de Santos. Temos feito esforço e aprovado edifícios, mas, por ora, temos quatro retrofits aprovados e com obras em andamento, e um em aprovação. Somados, os quatro aprovados contam com 85 unidades habitacionais e cinco comerciais. O quinto espaço trará mais 49 imóveis habitacionais. Os investidores precisam olhar com mais atenção para o Centro. Há incentivos para investir lá. Retrofitar no Centro é lucrativo, mas os construtores estão congelados. Ter só cinco unidades é pouco. Ainda há espaço para moradias e retrofit para quem trabalha e estuda por aqui.
Como a secretaria age em relação às construções antigas do Centro e Paquetá, considerando que muitas estão abandonadas ou sem uso há décadas? Como são fiscalizadas para evitar desmoronamentos?
Em 2021, fizemos uma força-tarefa. Ali, acionamos e intimamos todos os imóveis do Centro que tinham problema estrutural ou de conservação, mas nem todos os proprietários foram encontrados. Há casos até de cortiços em que os donos não residem mais aqui. Então, muita gente não é encontrada. Assim, alguns imóveis que devem muito de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) são arrecadados (tomados) pela Prefeitura. Eles ficam com a gente por até três anos. Depois, se não forem resgatados, os imóveis passam a ser da Administração Municipal e é feita uma licitação para colocar orçamento público no local.
Há alguns anos, houve um boom de casas sobrepostas em Santos. Como está esse segmento? Ele perdeu mercado ou segue ativo?
São poucas aprovações desse tipo na Cidade como um todo. Aliás, pouquíssimas. Hoje em dia, a Zona Noroeste tem mais aprovações de sobrepostas e também algumas no Estuário.
Como está a construção na Zona Noroeste?
Não vejo grandes construtoras investindo lá. A maior parte dos empreendimentos está mesmo localizada na zona da orla. Na Zona Noroeste, há muita legalização de comércios e mudança de uso de imóveis residenciais para uso comercial.






