17/11/2017 - 00h56

As cidades flutuantes estão a caminho

Época Negócios
 
Projetos voltados à construção de habitações sustentáveis no meio do mar começam a deixar de ser mera ficção
 
O que antes parecia ficção agora está tecnologicamente ao alcance humano: cidades flutuantes em águas internacionais que tenham o poder de Estados independentes e autossustentáveis. O chamado "seasteading" — essa ideia de construções em alto mar — tem amadurecido e, agora, já existem empresas, acadêmicos, arquitetos e até mesmo um governo trabalhando juntos para colocar um protótipo de pé até 2020.
 
O jornal The New York Times publicou uma reportagem esta semana em que destaca os avanços dessa área. No centro do holofotes, está o Seasteading Institute, uma organização sem fins lucrativos com sede em São Francisco. Fundado em 2008, o grupo passou quase uma década tentando convencer o público de que a ideia não é maluca.
 
Com os níveis do mar subindo por causa das mudanças climáticas, essa saída ganha ainda mais apelo. "Se você pudesse ter uma cidade flutuante, seria praticamente um país-startup", diz Joe Quirk, presidente do Seasteading Institute. "Nós podemos criar uma enorme diversidade de governos para uma enorme diversidade de pessoas."
 
O projeto tem sido parcialmente financiado por um ICO (initial coin offering), nova prática que tem feito sucesso no Vale do Silício e em Wall Street, que consiste em arrecadar dinheiro a partir da venda de uma moeda virtual recém-criada. Antes disso, o primeiro aporte veio do bilionário Peter Thiel, cofundador do PayPal. "Entre o ciberespaço e o espaço sideral, está a possibilidade de nos instalarmos nos oceanos", escreveu ele, na época
 
O investimento de Thiel ajudou o instituto a ganhar a atenção da mídia. No início deste ano, o governo da Polinésia Francesa permitiu que o instituto começasse a fazer testes em suas águas. O projeto deve começar em breve, e as primeiras construções flutuantes poderão ser habitáveis ​​em apenas alguns anos.
 
O objetivo agora é construir as primeiras estruturas, incluindo casas, hotéis, escritórios e restaurantes, com um orçamento de aproximadamente US$ 60 milhões. Se tudo sair como planejado, essas estruturas contarão com jardins nos telhados e uso de madeira local, bambu e fibra de coco, além de metal e plástico reciclados. "Quero ver as cidades flutuantes inteiras até 2050, milhares delas, cada uma oferecendo diferentes formas de governança", afirma Quirk.
 
Na visão do executivo, o seasteading é a oportunidade de reescrever as regras que governam a sociedade. "Os governos simplesmente não melhoram", disse ele ao NYT. "Estão presos nos séculos passados. Isso porque a terra incentiva um monopólio violento para controlá-la." Sem terra, não haveria mais tanto conflito, argumenta ele. 

 
 
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