15/12/2015 - 01h37

Empresário quer região mais atrativa

A Tribuna / Maurício Martins

Para eles, Baixada Santista tem potencial para atrair novas empresas, mas precisa trabalhar a receptividade e diminuir carga tributária
 
Embora tenha alguns gargalos a resolver, a Baixada Santista tem infraestrutura adequada para receber novos investimentos, acreditam empresários ouvidos por A Tribuna. Para eles, a região tem potencial para atrair novas empresas, inclusive fora do setor portuário, mas é preciso uma ação mais efetiva do Poder Público. As soluções passariam por uma estratégia de marketing mais arrobusta e isenção de impostos para quem investir nas nove cidades
 
Diretor da Associação Comercial de Santos (ACS) e sócio diretor da empresa AMC, André Marques Canoilas avalia que a região deveria ampliar suas vocações. “O Poder Público e os próprios empresários ficaram acomodados em função do Porto de Santos e do Polo Industrial de Cubatão. Tínhamos uma situação confortável do ponto de vista de geração de emprego e riqueza”.
 
Para Canoilas, outras atividades poderiam ter sido desenvolvidas, inclusive no segmento industrial. Ele cita investimentos feitos no Brasil durante os governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo privatizações, que não resultaram em benefícios para a região.
 
“Foram investimentos expressivos, e a região não participou dessa leva. Muitas indústrias automobilísticas vieram (ao País) e nem sequer participamos de uma eventual concorrência para apresentar nossa região, nossas vantagens e até promover modificações para que essas indústrias viessem”.
 
O empresário afirma que há infraestrutura suficiente, principalmente em Santos, e que problemas logísticos, como a entrada da Cidade, são pontuais. “Foram realizadas obras que contribuíram muito, como o Rodoanel, que conectou definitivamente Santos ao Interior, facilitou o transporte de cargas e o de passageiros, Apesar da crise mundial, o Porto de Santos está batendo recorde em exportação e não tivemos os problemas do passado”.
 
Canoilas pensa que um trabalho mais agressivo de marketing deve ser liderado pelos governos dos nove municípios e pela Agência metropolitana da Baixada Santista (Agem). “Várias empresas, em 2009, 2010, conceberam seus projetos vislumbrando Santos em 2014, 2015, no auge econômico, por causa das promessas do pré-sal, e isso não ocorreu. Hoje, temos grande oferta de imóveis na Cidade, comerciais, residenciais e até hotéis, e precisamos ocupa-los”.
 
O diretor da ACS pensa que esse momento de crise é o ideal para uma união dos empresários com as prefeituras. Acredita ser fundamental que elas ofereçam vantagens tributárias. “Santos tem boa estrutura, comércio, prestação de serviços, boas escolas e universidades. Por que as pessoas, vislumbrando melhora na qualidade de vida, não poderiam transferir suas empresas para Santos? Mas para isso precisamos concorrer com as outras cidades”.
 
BUROCRACIA E OPOSIÇÃO
 
O presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa (AMA), empresário João Maria Menano, diz que a região precisa ser mais receptiva aos novos empreendimentos, oferecendo algum diferencial. “Mas aqui nada pode, todo mundo é contra tudo Aí, o pessoal vai mesmo para o Interior”.
 
Menano considera natural que as características regionais sejam portuárias, de turismo e prestação de serviços. E acredita que, antes de trazer novas empresas, é necessário apostar no crescimento das que já estão instaladas. “Tem que estimular o que tem aí para crescer, para a região metropolitana se consolidar de fato. É difícil imaginar que vamos atrair grandes indústrias, porque elas precisam de áreas extensas”.
 
Para o empresário, é necessário diminuir os conflitos da atividade econômica com as Cidades, reduzir a burocracia da máquina pública e dar mais oportunidades para os empreendedores.
 
“Não acho certo o Poder Público falar: ‘Vão para a Área Continental de Santos’. Quanto tempo demora um licenciamento ambiental lá? É coisa para 15 anos. Então, você não pode chegar para uma empresa e falar para ir para a Área Continental. Agora, vá ao Interior e fale que vai ter uma fábrica nova: fica todo mundo contente”.

 
 
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